O maior e mais detalhado mapa do universo já feito acaba de ser divulgado para acesso público, e ele está reescrevendo o que sabemos sobre os primórdios do cosmos. A colaboração científica internacional COSMOS-Web, liderada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Barbara e do Instituto de Tecnologia de Rochester, publicou um catálogo interativo com quase 800 mil galáxias capturadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), disponível para explorar online pelo portal do projeto. Esse projeto, que abrange 98% da história cósmica, desafia teorias estabelecidas e revela um universo jovem muito mais ativo do que os cientistas previam.
Esse projeto começou usando as imagens capturadas pelo Campo Ultraprofundo do Hubble, que em 2004 revelou cerca de 10 mil galáxias. Enquanto a imagem do Hubble equivalia ao tamanho de um grão de areia, o novo mapa do JWST seria comparável a um mural de 4 metros por 4 metros, mantendo a mesma profundidade cósmica.
"Disponibilizamos esses dados para que qualquer pessoa interessada possa explorar o universo conosco", explica Cailin Casey, professora de física da UC Santa Barbara e uma das líderes do projeto, em comunicado. "Queríamos ir além da busca por galáxias individuais e entender o contexto cósmico em que elas surgiram."
Esses dados revelaram um universo primitivo muito mais populoso do que o esperado. Antes do JWST, os astrônomos estimavam que galáxias nos primeiros 500 milhões de anos após o Big Bang seriam extremamente raras.
"Encontramos dez vezes mais galáxias do que o previsto nessas distâncias extremas", revela Casey. "Além disso, detectamos buracos negros supermassivos que eram invisíveis ao Hubble." Essas descobertas, agora disponíveis para análise pela comunidade científica global, sugerem que o universo primitivo era muito mais ativo e complexo do que os modelos cosmológicos atuais conseguem explicar.
Ciência aberta com dados para todos
A equipe do COSMOS-Web adotou uma abordagem de ciência aberta, disponibilizando os dados quase imediatamente após a coleta. Inicialmente, apenas pesquisadores com acesso a supercomputadores e conhecimentos técnicos avançados podiam interpretar as informações brutas. Mas, após dois anos de trabalho, a equipe transformou os dados em imagens e catálogos acessíveis, permitindo que até mesmo estudantes de astronomia explorem o material.
"Uma grande parte deste projeto é a democratização da ciência", afirma Casey. "A melhor ciência surge quando diferentes mentes analisam os mesmos dados sob novas perspectivas."
Confirmando as galáxias mais antigas
A equipe planeja usar espectroscopia, técnica que decompõe a luz das galáxias, para confirmar a distância e a idade das galáxias mais remotas. "Achamos que identificamos as primeiras galáxias, mas precisamos validar isso", diz Casey.
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