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Revolução da IA

A Revolução da Inteligência Artificial: estamos prontos para um mundo sem trabalho humano?

A revolução está em curso, e poucos parecem preparados

21/04/2025 16h10Atualizado há 3 meses
Por: Vieira de Melo
Fonte: James Webb

 "A promessa de produtividade e inovação convive com o temor de desemprego em massa, instabilidade social e um futuro cada vez mais automatizado."

Quando Sundar Pichai, CEO do Google, disse que a inteligência artificial (IA) é “mais profunda que a invenção do fogo ou da eletricidade”, ele não estava exagerando.  A tecnologia que outrora era restrita à ficção científica agora avança em ritmo acelerado, redesenhando a economia, o mercado de trabalho e a própria ideia de humanidade. Se por um lado ela carrega o potencial de curar doenças, personalizar a educação e enfrentar a crise climática, por outro, ameaça automatizar milhões de empregos e escancarar desigualdades.

A revolução está em curso, e poucos parecem preparados.

Um tsunami tecnológico

Desde o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, em 2022, a corrida pela IA acelerou dramaticamente. Segundo o Goldman Sachs, até 300 milhões de empregos no mundo podem ser impactados — reduzidos, transformados ou simplesmente eliminados. A McKinsey estima que até 70% do tempo de trabalho atual pode ser automatizado. Funções administrativas, financeiras, jurídicas, industriais, médicas e até criativas já estão sendo revistas à luz dessa nova inteligência.

Não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” e “como”

De fábricas escuras a escritórios silenciosos

Vídeos de fábricas chinesas totalmente automatizadas mostram o que antes parecia impossível: produção ininterrupta, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem necessidade de luz ou presença humana. Essas “fábricas escuras” revelam a profundidade da disrupção. Mas a automação não para na indústria.

No setor financeiro, a IA já analisa contratos, detecta fraudes e realiza consultorias. No setor jurídico, revisa documentos com mais precisão do que advogados iniciantes. Na medicina, interpreta exames e auxilia diagnósticos. Na engenharia de software, chega a 37% das tarefas executadas com apoio de sistemas de IA. Até áreas consideradas “criativas”, como jornalismo, publicidade e design, estão sob risco. E na educação, tutores virtuais e plataformas adaptativas ameaçam reduzir o papel de professores — até mesmo no ensino presencial.

O paradoxo da produtividade

A promessa é tentadora: deixar tarefas repetitivas com as máquinas e liberar tempo para o que realmente importa. No entanto, especialistas alertam que, na prática, a IA tende a reforçar os valores vigentes: corte de custos, aumento de produtividade e centralização de poder. Se os sistemas de saúde já pressionam médicos por agilidade, por que a IA faria diferente? Se escritórios já operam no limite, como esperar que a tecnologia permita mais tempo para pensar, inovar ou criar? A menos que se redefinam os valores das organizações, o mais provável é que a IA torne os ambientes ainda mais rápidos, enxutos — e impessoais.

O risco da desigualdade e da instabilidade

Com bilhões de postos de trabalho em risco, cresce a preocupação com os efeitos sociais da automação em massa. Sem políticas públicas robustas, sistemas de proteção social fortalecidos e uma requalificação profunda da força de trabalho, o resultado pode ser explosivo: mais desigualdade, mais desemprego, mais instabilidade política.

Uma pesquisa global feita em 2023 mostrou que mais da metade das pessoas estão apreensivas com o impacto da IA em suas vidas e empregos. E esse medo é alimentado não apenas pela automação, mas também pelo uso da IA como arma geopolítica, com potencial para acirrar conflitos e desequilíbrios globais.

E o que a IA fará de nós?

Diferente de qualquer revolução anterior, a IA não é apenas uma ferramenta — ela é um agente autônomo. Aprende, decide, se adapta. Pode moldar realidades, influenciar opiniões, tomar decisões em frações de segundo.

Consultores dizem que novas oportunidades surgirão. Que surgirão empregos que ainda nem imaginamos. E que a IA cuidará do “trabalho chato”, nos deixando com o “trabalho nobre”. Mas há um detalhe incômodo: e se o trabalho chato for tudo o que resta para a maioria? E se a IA, ao invés de nos libertar, apenas nos substituir?

Conclusão: uma encruzilhada civilizatória

Estamos diante de uma escolha histórica. A inteligência artificial pode ser usada para ampliar o bem-estar, democratizar o conhecimento e criar um novo pacto social mais justo e produtivo. Ou pode aprofundar desigualdades, concentrar riqueza e transformar milhões em espectadores de um progresso que não os inclui.

A pergunta já não é mais “se a IA vai mudar o mundo”, mas sim: “Estamos preparados para o mundo que a IA está criando?”

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