Jornalismo independente, um sonho de várias gerações
A busca pela independência editorial sempre foi o sonho daqueles que entraram nesta profissão para buscar a verdade dos fatos e relatá-los com fidelidade. Como aprendemos nos cursos de comunicação, a notícia deve ser dada com todos os seus vieses, sempre fiel ao retrato do que foi constatado em nossas coberturas.
A vítima, o agressor, as testemunhas devem ter suas versões consideradas. Se houver algum fato relevante precedente ao evento, ele deve ser trazido para os relatos afim de que o nosso leitor, ouvinte ou telespectador, tire suas próprias conclusões sobre o acontecimento. Essa é a ética da nossa profissão.
Sabemos que a busca pela independência editorial tem sido em nossa história uma procura muito difícil. No caminho sempre houveram obstáculos de toda a natureza contra a liberdade de informação incluindo a violência, a pressão econômica e os ataques de grupos radicais. Antes as dificuldades materiais eram enormes, os custos para a impressão, divulgação e distribuição de impressos, transmissão pelo rádio e pela tv exigiam muitos recursos para bancar a logística que pudesse garantir a chegada do conteúdo à população.
As novas tecnologias trouxeram facilidades. A manutenção de um blog, de um canal no Youtube, Instagram, até mesmo no Facebook apresentam custos mais acessíveis para o exercício do trabalho do comunicador. Hoje com acesso a internet em suas várias faces tornou-se possível ao profissional levar ao seu público uma comunicação mais independente. Lógico que nem tudo é fácil. Agora as pressões de grupos econômicos, governos e instituições se aliam a outros meios como a tentativa de descredibilizar, com calúnias digitais-fake news- o trabalho dos jornalistas.
Para superar a pressão econômica de possíveis anunciantes públicos ou privados que tentam impor a censura ou mesmo a distorção nas informações, os comunicadores independentes estão buscando o financiamento de seus trabalhos através da doação de seu próprio público alvo. Hoje assistimos o crescimento acelerado de blogs e vários canais de áudio e vídeo que estão conquistando a audiência de milhares e milhões de pessoas pelo mundo, e felizmente, também no Brasil.
Praticamente os rádios webs, os blogs, canais de vídeos com produção de baixo custo estão afetando a audiência das grandes redes de comunicação e abrindo as portas para um jornalismo mais independente, indiferente à pressão econômica, ideológica e cultural. A força dos independentes se espalha nas redes sociais e já repercute nas decisões de governos, das instituições e dos grupos privados.
Antigamente a repressão invadia as gráficas, quebravam as máquinas, cortavam a energia das tvs e das emissoras de rádios causando o terror entre os profissionais da comunicação.Hoje o comunicador, esteja onde estiver, produz seu texto, seu áudio, seu vídeo longe das pressões física e financeira dos seus algozes, geralmente agentes de grupos políticos e econômicos interessados em comprar ou silenciar a voz da imprensa independente. Com um celular na mão, coragem, uma boa rede de relacionamento, acuidade na apuração dos fatos o verdadeiro profissional fura a barreira imposta pelos donos do poder. Assim os fatos, fielmente retratados, vão desmentindo a rede de mentiras e manipulações.
Vieira de Melo
Jornalista
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